Na noite da última quarta-feira (20), a Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou que Pietro Mendes renunciou ao cargo de presidente e membro do Conselho de Administração, com efeito imediato.
A expectativa é que o Conselho nomeie um substituto em breve, que permanecerá no cargo até a próxima Assembleia Geral Ordinária, quando serão realizadas novas eleições para o Conselho. Mendes ingressou no Conselho em abril de 2023.
Conforme aponta a XP Investimentos, a renúncia já era esperada pelos participantes do mercado, com visão neutra para o evento.
Isso porque, na terça, Mendes foi aprovado em sabatina na Comissão de Infraestrutura e, posteriormente, nomeado pelo Senado para atuar como diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Não esperamos nenhuma mudança significativa na estratégia da Petrobras após o anúncio”, aponta a XP.
De acordo com fonte ouvida pela Reuters, o secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti, é o mais cotado para assumir a presidência do conselho.
A fonte, que falou na condição de anonimato, afirmou que o nome de Moretti, já integrante do conselho da Petrobras, está sendo defendido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e “tem simpatia do presidente Lula”.
A informação sobre a preferência de Moretti dentro do governo para o cargo de chairman da Petrobras foi publicada mais cedo por meios de comunicação como Broadcast e pelo Valor Econômico.
Procurados, o Ministério de Minas e Energia, a Casa Civil e a Petrobras não comentaram o assunto imediatamente.
Revisão em projeções
Cabe destacar que, na última quarta, o BTG Pactual também atualizou seu modelo de Petrobras para incorporar os resultados do 2T25, mantendo recomendação de compra para PETR4 e preço-alvo em R$ 44 por ação.
“Embora o sentimento em relação ao setor de commodities siga negativo e a percepção sobre a Petrobras tenha se deteriorado, continuamos a identificar assimetrias positivas. Vemos um risco/retorno atraente para os próximos 12-18 meses, embora reconheçamos a ausência de catalisadores de curto prazo e o potencial de anúncios de M&A (notadamente em etanol) impactarem o ativo”, avalia.
A expectativa do banco é que a produção caminhe para o limite superior do guidance e assim revisou suas estimativas para 2025. Também espera um reajuste para baixo do capex de 2026, já que as premissas atuais embutem brent a US$ 83/barril, contra uma média no ano mais próxima de US$ 70/barril. Combinado a uma base operacional estável, isso sustenta um fluxo de caixa livre atrativo, com dividendos ordinários oferecendo um rendimento anual de cerca de 10-11%.
Além disso, a Petrobras sinalizou interesse renovado em etanol e GLP (Gás Liquefeito de Petróleo, ou o conhecido gás de cozinha), além de rodadas de licitação de campos de petróleo pelo governo.
“Vemos a retorno ao GLP como viável apenas via M&A e improvável antes de 2026. Já o etanol permanece em foco mais imediato, com uma potencial reentrada no 2S25. Um investimento minoritário de US$ 1 bilhão implicaria apenas uma modesta redução de 0,6 p.p. [ponto percentual] em nossa estimativa de dividend yield para 2025 (de 9,9%). Ainda assim, operações adicionais de M&A poderiam exigir maior alavancagem no balanço para manter as expectativas de dividendos, pressionando a confiança dos investidores”, avaliam os analistas.
Para os analistas do banco, embora as eleições presidenciais no Brasil ainda estejam a mais de um ano à frente, os desenvolvimentos políticos e macroeconômicos podem começar a ser precificados antes. Maior clareza fiscal e estabilidade macro poderiam reduzir a percepção de risco-país, comprimir o custo de capital próprio da Petrobras e apoiar uma reavaliação de múltiplos. Para referência, Ecopetrol e YPF são negociadas a 4,1 vezes (x) e 4,5x EV/EBITDA (valor da empresa/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperado para 2025, respectivamente.
“Caso a Petrobras convergisse para seus pares regionais, isso implicaria um potencial de valorização de entre 40-50%”, finaliza o BTG.
(com Reuters)




