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domingo, novembro 16, 2025

Conexões geram produtos inovadores em empresas de serviços financeiros | Inovação

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Tecnologia, inclusão financeira, mudanças regulatórias e melhor experiência do cliente movimentam a inovação dos serviços financeiros, um dos mercados mais dinâmicos do país. Iniciativas como o Pix e a moeda digital Drex vêm transformando os meios de pagamento e as negociações em bolsa.

As cinco empresas de serviços financeiros mais inovadoras segundo a pesquisa do anuário Valor Inovação Brasil 2025 destacam o trabalho colaborativo, o uso intensivo de tecnologia e o envolvimento da liderança no incentivo aos projetos. O ambiente aberto de inovação leva em conta tanto a contribuição das equipes internas como a parceria com fornecedores, universidades e startups.

Trabalhando com perfis distintos de clientes na oferta de programas de fidelização e engajamento, a Livelo guia seus projetos a partir da experiência relatada pelos consumidores, com soluções personalizadas para diferentes necessidades como viagens, produtos do dia a dia ou cashback. “A análise dessa base de informações garante a entrega de programas de recompensas alinhadas às suas expectativas”, afirma Felipe Avila, diretor de tecnologia, produtos e dados da empresa.

Para fazer esse ajuste fino, os produtos são testados no hub de inovação criado para conectar a Livelo com startups. “A iniciativa coloca em prática hipóteses para resolver problemas dos clientes dos programas de recompensas, gerando melhorias tanto para os nossos negócios quanto dos parceiros”, diz Avila.

O hub conta com “beta testers”, membros que experimentam as novas funcionalidades e dão feedbacks antes do lançamento dos produtos. “Esse ambiente permitiu o desenvolvimento de um assistente digital baseado em inteligência artificial generativa que oferece consultoria personalizada ao cliente, ajudando a acumular e usar os pontos”, explica Avila. Com cem “beta testers”, o hub da Livelo realizou mais de 25 projetos, transformando novas ideias em soluções concretas. Um dos primeiros lançamentos foi o Disputa de Recompensas, ambiente em que os clientes participam de competições virtuais e ganham prêmios.

O desafio do hackaton para os colaboradores foi, neste ano, desenvolver projetos com a ajuda de mentores. Em conexão com cadeias globais de inovação, a Livelo conta com centros de observação em polos estratégicos, como o Vale do Silício, para acompanhar as tendências dos programas de fidelização. “Fizemos uma parceria com a Antler, um venture capital de atuação global, que nos conectou com dezenas de pessoas dispostas a solucionar problemas de negócio gerando dez ideias em cinco dias, com três selecionadas e uma vencedora que foi apresentada no palco do evento anual de tecnologia da Livelo, o Interligados”, conta Avila.

Amaral, da Visa, que investe em sistemas de movimentação financeira e de pagamentos, além dos cartões — Foto: Divulgação
Amaral, da Visa, que investe em sistemas de movimentação financeira e de pagamentos, além dos cartões — Foto: Divulgação

Inovar nos meios de pagamento faz parte do cotidiano da Visa, segundo Fernando Amaral, vice-presidente de soluções e inovação. Com prioridade no desenvolvimento de sistemas com inteligência artificial (IA) generativa, em 2023 a Visa Ventures, braço de investimento corporativo, destinou um fundo de US$ 100 milhões para novos produtos. A companhia aposta em agentes de IA para auxiliar os consumidores em diferentes experiências de compra nos comércios físico e digital, em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira.

Outra frente é o investimento em sistemas de movimentação financeira e de pagamentos, além dos cartões. Para essa área foi criada a Visa Conecta, empresa que está desenvolvendo o projeto de iniciação de pagamentos via Pix. “Essa transação não precisa ser direcionada para o aplicativo da instituição financeira em que o cliente possui conta, resultando em uma jornada mais fluida de pagamento”, explica Amaral.

A Visa adotou um modelo de inovação aberta que conecta as equipes do Brasil a mais de 200 mercados para identificar tendências e criar soluções conjuntas. “Somos vistos como um dos principais países da Visa em inovação, ganhando visibilidade por refletir tendências globais e contribuir com soluções que podem ser exportadas para outros mercados”, destaca Amaral.

Um exemplo recente é o AI Hackathon, que mobilizou duas mil equipes para explorar aplicações de IA. Globalmente, a empresa promove a Visa Everywhere Initiative, competição que desafia startups a inovar em meios de pagamento. “Na edição de 2024, a startup brasileira Trexx foi uma das finalistas com a criação de uma plataforma que permite a utilização de NFTs (tokens não fungíveis) para representar bens no ambiente virtual, facilitando operações como a compra de terrenos virtuais e outras interações no mundo dos games”, explica Amaral.

Na B3, terceira do ranking, a inovação prioriza a interoperabilidade das plataformas de negociação com os agentes do mercado a partir de sistemas baseados em interfaces de programação (application programming interface, as APIs), adoção de computação em nuvem e tokenização de ativos, processo que transforma a propriedade de um ativo físico ou digital em tokens registrados em uma rede blockchain. “A automação de processos e o uso de inteligência artificial no apoio à gestão operacional e no relacionamento com clientes gerou redução de custos operacionais, maior agilidade na oferta de produtos e serviços, aumento da resiliência das plataformas e uma melhor experiência dos clientes”, ressalta Rodrigo Nardoni, vice-presidente de tecnologia da B3.

A adoção de um novo protocolo binário, ou seja, um padrão de comunicação para o envio e recebimento de mensagens entre os participantes do mercado, como corretoras e sistemas de negociação, e a simplificação da infraestrutura reduziram a latência do sistema em 70% em 2024, passando de 1,2 milissegundos em 2023 para cerca de 300 microssegundos no acesso às informações. “Ampliamos a eficiência na execução de ordens sem alterar os controles de risco”, afirma Nardoni.

Para incentivar a pesquisa aplicada e a formação de talentos em tecnologia, fez parcerias com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), apoiando programas de capacitação de alunos em aprendizado de máquina, ciência de dados e linguagem Java em quase 200 horas de desenvolvimento. Em conjunto com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desenvolveu projetos com IA em observabilidade de eventos de segurança e log em baixa latência, registro de transações do sistema quase em tempo real, com mínimo atraso entre o momento da ocorrência e o registrado ou transmitido para análise. “A aplicação de inteligência artificial em todo processo de engenharia de softwares da bolsa resultou em um ganho de produtividade da ordem de 8% no ano passado”, completa Nardoni.

Quarta do ranking, a fintech QI Tech, que oferece uma plataforma para a criação de produtos financeiros, adotou uma cultura de experimentação, incentivando todos os colaboradores a apresentar novas abordagens. “Promovemos um ambiente horizontal para que os times testem hipóteses e aprendam com os erros”, afirma Emilio Moreira, CEO da área de administração e custódia da QI Tech.

O resultado da estratégia foi o desenvolvimento de um sistema para administração e custódia que redesenha os fluxos operacionais e a relação com os gestores, de novas modelagens de análise de crédito, além de projetos internos como de gestão de cibersegurança e infraestrutura. “Desenvolvemos modelos de inteligência artificial para autenticação biométrica em ambientes web e móvel com a realização de mais de dois milhões de análises faciais e 1,2 milhão de validações de prova de vida, com alto grau de precisão e adaptação aos fluxos dos clientes”, diz Moreira. Outro projeto foi a criação de um modelo de IA capaz de interpretar documentos financeiros complexos, como regulamentos de fundos, atas de assembleias e contratos sociais, reduzindo em 90% o tempo de análise.

Embora conte com uma vice-presidência dedicada à tecnologia e negócios, responsável pelo desenvolvimento de soluções e por estudos de tendências, o presidente da Cielo, Estanislau Bassols, destaca que a inovação é transversal, isto é, alcança diferentes níveis e equipes de trabalho na companhia. Com espaços que favorecem as novas ideias, promove hackathons em que pessoas de diferentes níveis de conhecimento se unem para discutir modelos de pagamento.

Adepta da inovação aberta, a Cielo tem parcerias estratégicas com fintechs, universidades e startups por meio dos programas Aliança e Garagem. O Aliança trabalha com empresas de software que desenvolvem sistemas de transferência eletrônica de fundos (TEF), plataformas de e-commerce e automação, além de sistemas de gestão do varejo; e o Garagem é responsável por mapear tendências.

No ano passado, a equipe desenvolveu um sistema de Pix por aproximação em parceria com o Banco do Brasil e o Bradesco; e o pagamento por aplicativo sem a necessidade de dinheiro ou cartão físico, voltado para eventos. No campo da IA, avançou na manutenção preditiva de máquinas. “Em 2024, passamos a monitorar dados e informações de cada maquininha ativa, antecipando problemas relacionados à vida útil da bateria, à qualidade do sinal e visor, resolvendo as questões antes mesmo de o cliente entrar em contato para solicitar reparos e trocas”, afirma Bassols.



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